
(Foto: Reprodução/YouTube)
Severino Martiniano da Silva, conhecido como Raminho de
Oxóssi, faleceu neste domingo (8), aos 88 anos. O local e a causa da
morte não foram divulgados. A informação foi confirmada por meio de uma nota
oficial publicada no Instagram do próprio líder religioso, que conduzia a Noite
dos Tambores Silenciosos, um dos eventos mais simbólicos do Carnaval do
Recife.
A Despedida
Na nota de pesar, a comunidade expressou a imensa perda de
uma figura histórica:
“Hoje somos tomados por uma tristeza profunda, ainda
incrédulos com a partida ao Orun do nosso Olorí Egbé Pai Raminho, patrimônio do
Estado de Pernambuco. Não era apenas uma referência religiosa, ele é e sempre
será o maior da nossa nação, do nosso estado.”
As homenagens destacaram a grandeza de sua trajetória e sua
contribuição para a cultura e religiosidade afro-brasileira.
Quem Foi Raminho de Oxóssi
Início no Candomblé e Ascensão Religiosa
Nascido no Recife em 1936, Pai Raminho iniciou sua
jornada no candomblé ainda jovem, aos 10 anos, no Pátio do Terço,
sob a orientação das Tias do Sítio de Pai Adão. Aos 20 anos, trouxe para
Pernambuco o culto Jeje, voltado aos Voduns, consolidando-se como um dos
maiores representantes da Nação Jeje Nagô no estado.
Roça Oxum Opará e Oxóssi Ibualama
Raminho comandou a Roça Oxum Opará e Oxóssi Ibualama,
em Vila Popular, Olinda, transformando o espaço em um centro de referência
espiritual e cultural.
Legado Cultural e Social
Fundador do Afoxé Ará Odé
Raminho fundou o Ará Odé, o afoxé mais antigo em
funcionamento no estado, que carrega nas ruas a cultura africana e luta
contra o racismo.
Procissão e Águas de Oxalá
Por mais de 30 anos, liderou a Procissão de Oxalá e
as Águas de Oxalá, também conhecidas como Lavagem do Bonfim de Olinda,
evento que reunia mais de 10 mil pessoas em celebração às tradições de
matriz africana.
Noite dos Tambores Silenciosos
A tradicional Noite dos Tambores Silenciosos,
celebrada nas segundas-feiras de Carnaval no Pátio do Terço, era um dos
momentos mais aguardados da festa. O evento reúne grupos de Maracatu Nação
em uma homenagem solene aos ancestrais.
Uma Voz Contra o Racismo
Além de suas contribuições religiosas, Pai Raminho foi um ativista
cultural, que lutou pela preservação e valorização da cultura
afro-brasileira em Pernambuco. Suas ações, muitas vezes pioneiras, ajudaram a
dar visibilidade e respeito às tradições afrodescendentes.
Homenagens e Repercussão
Diversas autoridades e grupos culturais lamentaram a perda
de Pai Raminho. Sua importância transcendeu o âmbito religioso, consolidando-se
como um ícone da cultura pernambucana e um símbolo de resistência
negra.
Raminho de Oxóssi deixa um legado eterno, marcado pela
fé, pela cultura e pela luta contra o racismo. Sua partida é uma perda
irreparável, mas sua memória continuará viva nos terreiros, nas ruas e nos
corações de todos que ele inspirou.