
Saneamento básico no Brasil (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Um levantamento do Tribunal de Contas de Pernambuco
(TCE-PE) revelou que, em 2022, 87% da população pernambucana tinha
acesso à água tratada, um índice superior à média nacional (85%) e à média
do Nordeste (77%). Apesar do avanço, o estado enfrenta sérios desafios na área
de saneamento básico, especialmente em relação à coleta de esgoto, que atende
apenas 34% dos pernambucanos.
Avanços na Cobertura de Água Tratada
Entre 2021 e 2022, Pernambuco aumentou a cobertura de água
tratada de 84% para 87%, mantendo uma trajetória positiva. O objetivo é
atingir 99% de cobertura até 2029, quatro anos antes do prazo definido
pelo Novo Marco de Saneamento (2033).
Porém, para cumprir a meta, será crucial resolver questões
como:
- Racionamento
de água, que afeta várias localidades do estado;
- Perdas
no sistema de distribuição, que ainda chegam a 48%;
- Qualidade
do tratamento, que precisa ser aprimorada.
Embora a taxa de perda de água tenha diminuído de 66%
(2010) para 48% (2022), o índice ainda é preocupante. Isso significa
que, a cada 100 litros de água tratada, 48 litros são desperdiçados
devido a vazamentos, furtos ou erros no sistema de distribuição.
Esgotamento Sanitário: Um Grande Desafio
O índice de coleta e tratamento de esgoto subiu de 31%
(2021) para 34% (2022), mas permanece muito abaixo da média
nacional, que é de 56%. Além disso, o estado está distante da meta de 90%
de cobertura até 2033, também estabelecida pelo Novo Marco de Saneamento.
A projeção mais otimista é que Pernambuco alcance 68% de
cobertura até 2033. Segundo o auditor Alfredo Montezuma, do TCE-PE,
o problema não se limita à implantação das redes coletoras:
“Não basta disponibilizar a rede coletora, é necessário que
os domicílios se conectem a ela.”
Outro obstáculo relevante é a baixa adesão dos municípios
pernambucanos à elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Básico,
exigidos pelo Novo Marco. Atualmente, 54% dos municípios ainda não possuem
esses planos, o que dificulta o planejamento e a captação de recursos.
Obras Paralisadas: Um Impasse Custo Bilionário
O levantamento do TCE-PE identificou 753 obras de
saneamento em andamento no estado, das quais 238 estão paralisadas ou
inacabadas. Essas obras representam um custo de R$ 1,76 bilhão e
correspondem a 30% do valor total de contratos parados em Pernambuco.
A conclusão dessas obras é essencial para ampliar o acesso
ao saneamento e melhorar a infraestrutura hídrica do estado, reduzindo os
índices de perdas e ampliando o alcance da rede coletora.
Investimentos Necessários para a Universalização
Segundo o Instituto Trata Brasil, Pernambuco
precisará investir cerca de R$ 21,2 bilhões ao longo dos próximos 35
anos para alcançar a universalização dos serviços de saneamento básico. Com
esses recursos, seria possível:
- Incorporar
2,4 milhões de pessoas ao sistema de água tratada;
- Garantir
que 6,4 milhões de pernambucanos tenham acesso à coleta de esgoto.
Os benefícios desse investimento vão além da saúde pública.
A universalização do saneamento traria impactos positivos na:
- Geração
de empregos, com a ampliação das obras e serviços;
- Qualidade
de vida, reduzindo doenças relacionadas à falta de saneamento;
- Economia
do estado, com aumento do turismo e redução de gastos em saúde.
Conclusão
Embora Pernambuco tenha mostrado avanços na cobertura de
água tratada, o estado ainda enfrenta desafios estruturais
significativos, especialmente na área de esgotamento sanitário e execução de
obras. Para cumprir as metas do Novo Marco de Saneamento e garantir qualidade
de vida à população, será necessário maior planejamento, investimentos
estratégicos e resolução de entraves administrativos.
A universalização do saneamento não é apenas uma obrigação
legal, mas uma oportunidade de transformar Pernambuco em um estado mais justo e
sustentável.