
(Foto: Reprodução)
Nesta quinta-feira, 6 de março de 2025, a Revolução
Pernambucana de 1817 completa 208 anos, sendo celebrada em
Pernambuco como a Data Magna do Estado. O movimento, considerado a primeira
experiência republicana do Brasil, entrou para a história ao tornar
Pernambuco independente de Portugal por 75 dias, estabelecendo um governo
próprio, uma bandeira e até uma constituição provisória.
A revolução não foi apenas um levante regional, mas um marco
na luta por liberdade e autonomia. Inspirados pelos ideais iluministas
e inconformados com a exploração econômica imposta pela Coroa Portuguesa,
militares, intelectuais, comerciantes e religiosos uniram forças para romper os
laços com o domínio colonial.
O Contexto: Altos Impostos e Insatisfação Popular
O início do século XIX foi marcado pelo aumento das taxas
e tributos cobrados por Portugal para financiar os gastos da família
real no Brasil. Pernambuco, uma das províncias mais ricas da época, foi
fortemente impactada, gerando um sentimento de insatisfação generalizado entre
diferentes camadas da sociedade.
A revolução teve apoio popular e conseguiu depor o
governador da capitania, estabelecendo um governo republicano provisório.
Esse novo regime instituiu a liberdade de imprensa, o direito de culto e um
modelo mais justo de governança, além de criar uma bandeira própria — que
mais tarde se tornaria a atual bandeira do Estado de Pernambuco.
O movimento também se destacou por sua diversidade social,
envolvendo indígenas, escravizados, militares e comerciantes, algo que
diferenciou a Revolução Pernambucana de outras tentativas de independência,
como a Inconfidência Mineira, que não chegou a se concretizar.
A Repressão e o Fim do Movimento
Apesar do sucesso inicial, a revolução foi duramente
reprimida pelas forças de Dom João VI, que enviou tropas para retomar o
controle da província. Os líderes do movimento foram perseguidos e executados,
entre eles Domingos José Martins e Frei Caneca, que se tornaram mártires
da luta por independência.
Mesmo derrotado, o movimento inspirou outros levantes
separatistas e ajudou a pavimentar o caminho para a independência do
Brasil, que ocorreria cinco anos depois, em 1822.
O Reconhecimento da Data Magna de Pernambuco
Apesar de sua importância histórica, a Revolução
Pernambucana de 1817 demorou a ser reconhecida oficialmente. Em 2007,
a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) iniciou o debate sobre a
criação de uma Data Magna, já que o Estado não possuía uma data
histórica oficializada por lei federal.
Após um intenso debate com historiadores e consultas
populares, o 6 de março foi escolhido como a data mais representativa
para Pernambuco. No entanto, o setor empresarial se opôs à criação do feriado,
e, por isso, a Data Magna foi inicialmente instituída apenas como ponto
facultativo.
Apenas em 2017, no bicentenário da revolução,
o feriado estadual foi finalmente aprovado por unanimidade na Alepe,
após uma articulação da ex-deputada Teresinha Nunes e do então líder do
governo Isaltino Nascimento.
"Houve resistência, pois achavam que já havia feriados
demais. Mas conseguimos convencer os deputados sobre a importância da data. O 6
de março se tornou parte do calendário escolar, e a revolução pernambucana
passou a ser mais discutida", destacou Isaltino Nascimento.
O Legado da Revolução de 1817
A Revolução Pernambucana permanece viva na memória e
na identidade do povo pernambucano. A bandeira criada pelos revolucionários de 1817
segue hasteada como símbolo da luta por liberdade. Além disso, o
movimento inspira grupos e manifestações culturais até os dias de hoje.
O historiador Filipe Domingues destaca a relevância
histórica do evento:
"Cada Estado tem sua Data Magna, e Pernambuco escolheu
o 6 de março porque foi a primeira experiência republicana da história do
Brasil. Foi um movimento separatista de fato, ao contrário da Conjuração
Mineira, que ficou apenas na conspiração."
Uma Revolução Sempre Viva
Mesmo séculos depois, o espírito da Revolução Pernambucana permanece
vivo no sentimento de orgulho do povo pernambucano. O lema "Pernambuco
é meu país" circula em páginas de redes sociais e reforça o sentimento
de autonomia e resistência que marcou o Estado desde os tempos
coloniais.
Em meio às comemorações de seus 208 anos, a revolução
segue sendo um marco fundamental da história do Brasil, reafirmando a
tradição de Pernambuco como terra de luta, cultura e independência.