
Flagrante em Pernambuco: material encontrado em celular revela crime hediondo (Foto: Divulgação/ Polícia Federa)
Na manhã da última sexta-feira (4), a Polícia Federal
prendeu em flagrante um homem de 22 anos, natural do município de Tabira
e residente em Serra Talhada, Sertão de Pernambuco, sob acusação de armazenamento
de pornografia infantil.
A prisão ocorreu durante o cumprimento de um mandado de
busca e apreensão expedido pela 18ª Vara Federal de Pernambuco,
dentro de uma investigação nacional de combate à pornografia infantojuvenil
na internet. No celular do suspeito, foram localizados arquivos com
cenas de abuso sexual infantil.
Diante do flagrante, o homem foi autuado com base no Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA), que classifica o armazenamento desse
tipo de conteúdo como crime hediondo, com pena prevista de 1 a 4 anos de
prisão, sem possibilidade de fiança.
Aparelhos apreendidos serão periciados para identificar
mais envolvidos
Além do celular, outros dispositivos digitais também
foram apreendidos e serão submetidos a perícia técnica especializada. O
material recolhido será fundamental para aprofundar as investigações,
podendo revelar redes de produção e compartilhamento de pornografia
infantil no ambiente virtual.
O inquérito teve início em 2024, após uma denúncia sobre
armazenamento ilegal de arquivos em servidores de dados. A partir disso, a
PF conseguiu rastrear e identificar o suspeito.
Após a audiência de custódia, o homem foi liberado
para responder ao processo em liberdade.
Números em Pernambuco: operações revelam rede extensa e
perfis variados
Somente em 2024, a Polícia Federal já executou 20
operações em Pernambuco voltadas ao combate da pornografia infantil. Os
números mostram 31 pessoas presas e 15 mandados de busca e apreensão
cumpridos.
Entre os investigados, estão professores, motoristas
escolares, animadores de festas infantis, servidores públicos, policiais e até
parentes das vítimas, como pais e tios. As ações têm como foco interromper
abusos em andamento e proteger potenciais vítimas.
Panorama nacional: crime silencioso atinge milhares e
cresce a cada ano
No cenário nacional, os dados são ainda mais alarmantes. A
PF já realizou 719 operações contra pornografia infantil em 2024,
resultando em 293 prisões e 661 mandados de busca. E o número só
cresce.
Relatório recente do Unicef em parceria com o Fórum
Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revela que o Brasil registrou 164.199
casos de violência sexual contra crianças e adolescentes entre 2021 e 2023.
Só em 2023, foram 63.430 ocorrências, o que representa um caso a cada
oito minutos.
Subnotificação e impunidade: apenas 8,5% dos casos chegam
à polícia
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
apontam que apenas 8,5% dos casos de abuso sexual infantil são notificados
às autoridades. A maioria permanece invisível e impune.
O levantamento também indica que:
- 87,3%
das vítimas são meninas;
- 51%
têm entre 1 e 5 anos de idade;
- 85,1%
dos agressores são conhecidos das vítimas;
- A
maioria dos abusadores são homens entre 25 e 35 anos.
Brasil lidera no mundo a criação de sites com conteúdo
ilegal
Outro dado estarrecedor: o Brasil é o país que mais
abriga sites com pornografia infantil no mundo. Estima-se que mais de
mil novos portais com esse tipo de conteúdo sejam criados a cada três
meses no país, consolidando um mercado sombrio que lucra com o sofrimento
de crianças inocentes.
Combate ao crime exige vigilância, denúncia e ação
conjunta
Diante do cenário, autoridades reforçam a importância de denunciar
casos de suspeita de abuso ou armazenamento de material ilegal. A Polícia
Federal, o Ministério Público e organizações de proteção à infância
trabalham em rede para rastrear abusadores e desmantelar sistemas de
exploração sexual infantil.
A sociedade também pode colaborar anonimamente por meio do Disque
100, do app Direitos Humanos Brasil, ou diretamente com a Polícia
Federal.
Proteger a infância é dever de todos. A impunidade, o
silêncio e a omissão fortalecem um crime que destrói vidas e compromete o
futuro de gerações inteiras.